A REVOLUÇÃO SILENCIOSA QUE TRANSFORMOU A SEDE DA CRESOL EM UM SISTEMA VIVO

 Um projeto concebido para evoluir com o tempo transforma a sede da Cresol em Florianópolis em um marco da arquitetura corporativa brasileira ao unir modularidade avançada, ergonomia emocional e rigor técnico

A nova sede administrativa da Cresol, instituição financeira construída sobre o modelo cooperativista sendo uma das maiores cooperativas de crédito do Brasil, instalada no Techno Towers de Florianópolis, nasceu de uma inquietação rara no mercado corporativo brasileiro: a percepção de que um escritório não deveria ser apenas um conjunto de mesas distribuídas em planta, mas um organismo capaz de responder ao tempo, às pessoas e às mudanças da operação, e foi justamente essa inquietação, profundamente alinhada a um sistema cooperativo que valoriza conexão, adaptabilidade e propósito, que abriu espaço para uma das entregas mais maduras do setor nos últimos anos, reunindo o olhar sensível do arquiteto Rico Mendonça e a precisão técnica da arquiteta Sandra Wilges em um projeto que une ergonomia emocional, modularidade avançada e coerência institucional como poucas sedes corporativas inclusive no setor financeiro já conseguiram produzir em território nacional.

No centro dessa transformação está a compreensão de que a arquitetura corporativa não pode mais se limitar ao binômio forma e função, e precisa incorporar camadas de experiência, comportamento e longevidade, algo que ficou evidente no momento em que a equipe decidiu abandonar o modelo tradicional de escritórios rígidos para adotar um sistema modular de colmeias capaz de expandir, contrair ou mudar de configuração sem ruptura estética ou financeira, permitindo que equipes cresçam ou se reorganizem sem enfrentar as reformas traumáticas que costumam marcar ambientes administrativos, e foi essa engenharia da flexibilidade, um trabalho de precisão liderado por Sandra, que garantiu à Cresol um espaço preparado não apenas para o presente, mas para todas as versões futuras da instituição.

A missão da arquiteta envolveu desde a compatibilização entre o desenho e a produção até a criação de um mobiliário estruturalmente sólido, padronizado e tecnicamente calibrado para suportar alto fluxo, uso contínuo e reorganizações frequentes, e esse rigor técnico aparece em detalhes que passam despercebidos ao olhar leigo, como o encaixe exato entre módulos, a durabilidade dos tampos orgânicos que abraçam as estações de trabalho e a precisão milimétrica necessária para que a sede inteira funcione como um sistema onde cada peça é interoperável com a próxima, reduzindo custos, aumentando eficiência e garantindo manutenção facilitada, algo que só se alcança quando há domínio profundo de processos e uma escuta sensível às demandas operacionais internas.

Mas se a engenharia dá sustentabilidade ao conjunto, é a camada emocional do projeto que o torna memorável, pois a sede foi pensada para transmitir pertencimento, estabilidade e movimento através de escolhas cromáticas, texturas e fluxos que se conectam à identidade da Cresol sem ruídos visuais ou excessos, e essa sutileza se revela no uso de um laranja que aquece e impulsiona, de um verde que acalma e sustenta e de uma paleta que não ilustra valores, mas os traduz fisicamente, permitindo que colaboradores percebam a cultura institucional no espaço antes de ouvi-la em treinamentos ou discursos, reforçando a noção de que design e comportamento humano caminham juntos quando o projeto é guiado por propósito, sensibilidade e consistência.

Essa relação entre arquitetura e cultura se aprofunda ainda mais na organização dos fluxos, já que o conceito dos elos, presente no símbolo institucional, foi reinterpretado para criar percursos circulares, áreas de encontro e pontos de pausa que estimulam colaboração espontânea e conversas informais, reconstruindo a ideia de escritório como espaço de convivência e não apenas de execução, e essa leitura espacial, ao integrar departamentos e dissolver barreiras simbólicas, transforma a sede em um território de construção coletiva onde a rotina se desenrola com naturalidade e fluidez, reafirmando a vocação da Cresol para relações humanas e para o desenvolvimento compartilhado.

Do ponto de vista estratégico, o impacto é inegável, pois ao unir modularidade, ergonomia emocional e identidade, a Cresol não apenas economiza recursos e diminui retrabalhos, mas fortalece sua percepção de marca, melhora a experiência do colaborador e cria um ambiente que comunica profissionalismo, solidez e maturidade institucional, deixando claro que o escritório deixou de ser despesa para se tornar ativo, ferramenta de gestão e pilar de reputação, um movimento cada vez mais valorizado por organizações que entendem que o espaço físico é parte da narrativa corporativa e influencia diretamente engajamento, produtividade, atração de talentos e relações com parceiros.

No fim, a sede da Cresol se impõe não pela grandiosidade ou pelo gesto arquitetônico evidente, mas pela inteligência silenciosa de um projeto que evolui conforme a empresa se transforma, preservando o essencial e abrindo espaço para o novo, uma filosofia que se reflete no trabalho de Sandra Wilges, que resume essa experiência como a oportunidade de provar que técnica e sensibilidade não competem, mas se potencializam quando o propósito é construir ambientes que abracem as pessoas e sustentem o futuro, e é justamente nesse encontro entre precisão, emoção e estratégia que a arquitetura corporativa brasileira encontra caminhos para avançar e inspirar novos modelos de espaço, gestão e cultura.

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