O resultado do jogo bicho se tornou popular a partir de 1892, quando o Barão João Batista Viana Drummond abriu o Zoológico de Vila Isabel e criou bilhetes numerados associados a 25 animais, iniciando um sorteio que virou contravenção. Ainda que ilegal, o jogo conquistou popularidade imediata e passou a inspirar expressões para descrever eventos improváveis ou surpreendentes.
Entre essas, “deu zebra” se tornou a mais famosa, referindo‑se ao animal inexistente na lista de 25 bichos, símbolo do inusitado. Com o tempo, outras expressões surgiram a partir dos nomes e grupos animais, migrando das bancas clandestinas para o linguajar do futebol, da política e do dia a dia.
Esse fenômeno demonstra como o resultado do jogo bicho ultrapassou as apostas e se incorporou ao folclore urbano, criando metáforas que persistem até hoje. Confira a seguir o significado de “deu zebra”, as demais expressões originadas no jogo, os mecanismos de difusão e o papel cultural dessas gírias na construção do imaginário coletivo.
O que significa “Deu zebra”?
A expressão “deu zebra” designa um evento altamente improvável, comparado a se sortear um animal que não existe no resultado do jogo bicho, já que a zebra não faz parte dos 25 grupos originais. Segundo Ari Riboldi, no livro O bode expiatório, o uso da zebra como exemplo de impossível surgiu ainda nas primeiras décadas do século passado, no Rio de Janeiro.
No futebol, o termo ganhou força em 1964, quando o técnico Gentil Cardoso, da Portuguesa‑RJ, previu uma vitória improvável sobre o Vasco da Gama dizendo que “poderia dar zebra”, frase que consolidou o uso no esporte e na cultura popular. Desde então, “deu zebra” passou a caracterizar qualquer surpresa em competições esportivas, eleições ou situações cotidianas.
A perenidade dessa gíria reflete o poder simbólico do resultado do jogo bicho: mesmo quem desconhece o jogo entende que “dar zebra” significa algo fora do esperado, uma herança direta da lista de animais sem a zebra.
Outras expressões populares originadas do jogo
Além de “deu zebra”, surgiram gírias como “caiu na mão”, usada quando o número sorteado coincide exatamente com uma aposta por “centena” ou “dezena” do resultado do jogo bicho . Essa expressão transmite a ideia de acerto preciso, refletindo a dinâmica de conferir bilhetes nas bancas clandestinas.
A frase “fazer vaquinha”, hoje sinônimo de rateio de despesas, tem raízes na prática de agrupar apostas em torno de um mesmo animal para custear o prêmio coletivo, associada ao resultado do jogo bicho e à união de apostadores.
Outra expressão comum é “entrar no páreo”, que originalmente descrevia a disputa pelos principais grupos de apostas, indicando que determinado bicho estava entre os mais apostados em determinado sorteio.
Como essas expressões se espalharam
A difusão dessas gírias se deveu, em parte, à convivência nas bancas de aposta, onde jogadores compartilhavam causos e termos técnicos do resultado do jogo bicho. O futebol exerceu papel fundamental na popularização: narradores esportivos adotaram “deu zebra” para descrever surpresas, levando a expressão para rádios e televisões em todo o país.
Além disso, a imprensa sensacionalista e, mais tarde, as redes sociais reproduziram expressões como “caiu na mão” e “fazer vaquinha”, incorporando‑as ao vocabulário jornalístico e cotidiano, sem remeter diretamente ao jogo original.
Considerações culturais importantes
Essas gírias revelam a capacidade do brasileiro de transformar práticas marginais em elementos de identidade nacional, apropriadamente resinificados no cotidiano. Logo, o resultado do jogo bicho funcionou como gerador de metáforas que expressam surpresa, precisão ou colaboração, demonstrando um engenho linguístico característico da cultura popular brasileira.
Ao mesmo tempo, tais expressões suavizam a carga negativa associada à contravenção, tornando‑a parte natural da comunicação, muitas vezes sem conotação de incentivo ao jogo criado no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro em 1892.
A relação entre expressões e interpretação do resultado do jogo bicho
As expressões surgidas do resultado do jogo bicho influenciam até hoje a forma como o público compreende apostas e probabilidades, mesmo para quem nunca chegou a jogar. Termos como “deu zebra” e “caiu na mão” criam expectativas e moldam narrativas em torno dos resultados, reforçando a ideia de imprevisibilidade ou de acerto fulminante conforme o contexto.
Uma relação simbólica entre linguagem e números contribui para manter viva a memória do jogo, transformando o resultado do jogo bicho em vetor de expressões que perpassam diferentes esferas sociais e geracionais.
O impacto do resultado do jogo bicho na linguagem informal brasileira
A influência do resultado do jogo bicho na linguagem cotidiana vai além das expressões mais conhecidas. Com o passar das décadas, o jogo do bicho ajudou a moldar parte do vocabulário informal brasileiro, especialmente nas grandes cidades. Dessa forma, em comunidades urbanas e suburbanas, termos e frases derivados do jogo se tornaram parte integrante da comunicação oral.
Algumas expressões passaram a representar não apenas resultados ou animais sorteados, mas também estados de espírito ou situações da vida. Dizer que “tirou o burro da sombra”, por exemplo, tornou-se sinônimo de conseguir resolver um problema ou alcançar um alívio após uma fase difícil, uma alusão direta à representação do animal no jogo e à sensação de tranquilidade que um bom resultado pode oferecer ao apostador.
Além disso, o vocabulário do jogo influenciou diversas manifestações culturais, como o samba, a literatura popular e o teatro de revista. Muitas composições musicais do século XX fazem referências indiretas ao jogo ou a seus resultados, evidenciando como ele permeou diferentes esferas do cotidiano brasileiro.
Conclusão
As expressões derivadas do resultado do jogo bicho online, de “deu zebra” a “fazer vaquinha”, tornaram‑se parte integrante do léxico brasileiro, carregando significados que vão além das apostas.
Isso ilustra como um jogo informal, apesar de ilegal, pode gerar frutos culturais sólidos, produzindo metáforas que explicam surpresas, acertos e cooperação no cotidiano. Reconhecer a origem e a difusão dessas gírias é compreender um aspecto singular da cultura popular, onde o inusitado e o inesperado são evocativos de uma tradição nascida nos sorteios clandestinos do jogo bicho online.
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