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Em ascensão, compliance segue no radar das empresas

Medida pode tornar o negócio mais sustentável, evitar riscos de imagem e proteger o valor da organização diante de incertezas econômicas

Adotar o compliance pode tornar o negócio mais sustentável, evitar riscos de imagem, atender a exigências regulatórias e proteger o valor da organização diante de incertezas econômicas. Por isso, cada vez mais empresas brasileiras estão aderindo a programas do tipo. Conforme pesquisas, o tema — que significa o cumprimento às regras legislativas, ambientais, sociais e éticas — avança junto às agendas de governança e está cada vez mais presente no radar das companhias do país.

De acordo com levantamento realizado pela consultoria Deloitte e a Rede Brasileira do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), os números indicam um avanço no compliance entre 2019 e 2021 (última edição da pesquisa) em termos de robustez e presença no cotidiano das corporações. A maioria das ações desse segmento apresentou crescimento.

A publicação de um código de ética e conduta passou de 69% para 75%. Já o comprometimento da alta administração avançou de 61% a 74%, e a avaliação de riscos entre fornecedores, de 42% a 73%. Em relação a questões financeiras, o controle sobre o dinheiro saltou de 68% a 71%, a implantação de um sistema interno de controle contábil para evitar adulterações das contas passou de 58% para 69%, e o uso de uma cláusula anticorrupção em contratos com terceiros também foi de 58% para 69%.

Nesse sentido, a pesquisa aponta que manter um canal de denúncias tem feito a diferença na manutenção dos padrões, ainda com espaço para evolução. A existência desse recurso é considerada uma medida importante no programa de compliance e foi citada por 79% das empresas. Dentre elas, 86% afirmaram que utilizam as informações obtidas e 69% projetaram que esse uso vai crescer até 2024.

Mas o que é compliance?

Do inglês to comply, o termo “compliance” faz referência ao conjunto de práticas que busca garantir que a empresa e os seus funcionários tomem atitudes em conformidade com os padrões éticos exigidos por leis, pelo mercado e pelas próprias regras e normas internas.

Surgido na década de 60 nos Estados Unidos, o termo despontou após escândalos financeiros a partir da primeira década deste século. No Brasil, o tema ganhou notoriedade de fato com a Operação Lava Jato, que expôs o mundo corporativo, especialmente do setor de infraestrutura.

Desde então, as instituições buscam adotar procedimentos e medidas para coibir desvios éticos que possam incorrer em ilegalidades, com a estruturação de setores e departamentos específicos para esta finalidade.

Segundo pesquisa divulgada pela empresa do software de gestão de dados Global­scape, atualmente o risco de não possuir um programa de compliance é quase três vezes maior do que os gastos com sua implementação. Das empresas brasileiras listadas em bolsa, 69% declaram ter uma área do tipo para o gerenciamento de riscos.

O estudo afirma também que ter um programa consistente pode contribuir até mesmo para a expansão da empresa.

Por que o compliance é cada vez mais implementado?

Segundo o levantamento da Deloitte e da Rede Brasileira do Pacto Global da ONU, algumas razões principais estão levando as empresas a adotarem cada vez mais medidas de compliance. Dos participantes, 80% disseram que o fazem para tornar o negócio mais sustentável, 72% porque querem evitar riscos de imagem e 69% desejam estruturar um programa de compliance.

Dos entrevistados, 60% ainda disseram que buscam atender a exigências regulatórias locais e 47% estão atrás de proteger o valor da empresa diante de incertezas econômicas. Organizações consideradas menores, com faturamento abaixo de R$ 500 milhões por ano, também afirmam entender a necessidade e a importância de ter um programa estruturado.

O canal de denúncias tem sido valorizado pelos empresários como um caminho para garantir a integridade da corporação. As principais medidas apontadas para garantir que essa via seja bem-sucedida incluem a garantia de anonimato (55%) e a implantação de um canal fora da companhia (45%). Além disso, esses meios de denúncia são citados como uma das principais medidas anticorrupção (46%).

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