Oferta de cursos busca sanar a falta de mão de obra especializada disponível para o setor.
Na tentativa de suprir a falta de mão de obra especializada em tecnologia no país, cada vez mais organizações têm optado por investir na formação de novos profissionais. Estudos mostram que a lacuna entre a demanda do mercado e a falta de pessoal para preencher as vagas pode se intensificar nos próximos anos. Diante disso, a oferta de qualificação deixou de ser exclusiva das instituições de ensino, sendo realizada também por empresas.
Levantamento feito pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) aponta o déficit existente no setor, situação que se intensifica com o passar do tempo. A projeção é de que, em média,159 mil vagas são abertas anualmente. No entanto, a média de novos profissionais formados na área é de 53 mil por ano.
Ainda de acordo com a Brasscom, as tecnologias já consolidadas como Big Data e Analytics, nuvem e web mobile são as principais responsáveis pela demanda. Em seguida estão as tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), blockchain e segurança da informação. Por fim, aparecem as tecnologias de nicho, como redes sociais, realidade virtual, robótica e impressão 3D.
Acompanhando esse movimento, o mercado tem criado oportunidades para analistas de segurança da informação, cientistas de dados, desenvolvedores de softwares, entre outros. Além do aumento da oferta, outro atrativo é a remuneração praticada pelo setor que se mantém superior à média nacional.
O salário de cientista de dados é, em média, de R$ 8.600, segundo dados do portal Glassdoor. O valor é 5,5 vezes maior do que o salário mínimo praticado no país, fixado em R$ 1.320. A média salarial do desenvolvedor de software é de R$ 7.800 e do analista de segurança da informação, R$ 7.100. Os valores podem ser maiores, considerando o porte e a localização das empresas que oferecem a vaga.
Qualificação nas empresas é alternativa para o mercado
Atentas ao cenário que tem se desenhado no setor de tecnologia, as empresas passaram a ofertar a qualificação necessária para que mais profissionais cheguem ao mercado de trabalho nacional. Estudo realizado pela Endeavor, com patrocínio do Ifood, divulgado em maio, detalha as iniciativas realizadas pelas organizações.
A pesquisa, intitulada “Futuros possíveis: profissionais de tecnologia em empresas e organizações”, mostra que 42% das iniciativas de formação em tecnologia são lideradas por empresas e corporações. Em seguida, estão as edtechs – startups da área de educação – com participação de 25% e as organizações do terceiro setor (18%). A maioria das iniciativas (60%) é realizada por algum tipo de parceria.
Para suprir a escassez de mão de obra mais rapidamente, a maior parte dos cursos oferecidos é gratuita (77%) e se enquadra como de curta ou média duração (80%). Outro dado destacado pelo estudo é que 38% das iniciativas buscam diversificar o setor de tecnologia, garantindo a maior representatividade de mulheres, pessoas negras, membros da comunidade LGBTQIAPN+, entre outros grupos.
Na avaliação da Endeavor, as dificuldades para o recrutamento de talentos é um dos principais gargalos enfrentados pelo setor tecnológico e desafia a expansão do ecossistema de inovação do país. Entre os principais obstáculos que atravessam a falta de profissionais especializados estão a baixa adesão ao ensino em tecnologia, a alta evasão nos cursos da área, a falta de diversidade e de profissionais de nível sênior que permita às empresas avançarem em projetos mais complexos.
As iniciativas promovidas pelas empresas são vistas como uma alternativa que contribui para reduzir o déficit de pessoal. A Endeavor recomenda que sejam firmadas mais parcerias e que as iniciativas intensifiquem a inclusão de grupos com baixa representatividade no mercado de trabalho.