Através do cuidado integral na Atenção Primária à Saúde, a enfermagem da família une competências clínicas e humanas, com amplas oportunidades de atuação e crescimento profissional
A enfermagem da família é uma especialidade voltada ao cuidado contínuo e integral dos indivíduos e de suas famílias no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). O enfermeiro da família atua próximo ao paciente, conhecendo não apenas o histórico clínico, mas também aspectos sociais e culturais que influenciam diretamente em sua saúde e seu bem-estar.
Esse profissional é um dos pilares da Estratégia de Saúde da Família (ESF), principal programa de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), que leva equipes multidisciplinares às comunidades, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O enfermeiro da família participa de promoção da saúde, prevenção de doenças, atendimento clínico e encaminhamento para outros níveis de atenção, quando necessário. Entre as principais responsabilidades e atribuições, estão:
- Identificar mudanças no estado físico, mental ou social do paciente;
- Atuar em conjunto com médicos e demais profissionais de saúde para cuidados integrados;
- Organizar consultas, exames e procedimentos;
- Prestar suporte remoto (como ligações ou mensagens) para orientações e dúvidas;
- Supervisionar o trabalho da equipe de enfermagem;
- Realizar ações de educação em saúde com a comunidade.
Um exemplo prático é quando o enfermeiro detecta uma alteração nos batimentos cardíacos durante uma consulta e, com base nessa percepção, encaminha o paciente ao médico da equipe, para uma avaliação mais aprofundada.
Caso nenhuma condição clínica seja identificada, o acompanhamento retorna ao enfermeiro, que segue monitorando e orientando o paciente.
Perfil e competências
O profissional que opta pela enfermagem da família precisa reunir habilidades técnicas e humanas. De acordo com o estudo “Competências dos Enfermeiros na Estratégia Saúde da Família”, de 2020, realizado por Olivia Cristina Alves Lopes, destacam-se cinco competências fundamentais:
- Liderança: capacidade de orientar, motivar e conduzir equipes;
- Comunicação: clareza e precisão na troca de informações com usuários e colegas;
- Gestão de recursos: organização do cotidiano da unidade e do uso de materiais;
- Assistência à saúde: realização de atendimentos, prescrição e solicitação de exames;
- Tomada de decisão: ética e discernimento nas escolhas clínicas e organizacionais.
Caminhos para seguir na carreira
A porta de entrada é a graduação em uma faculdade de enfermagem, seguida de uma especialização em enfermagem da família ou saúde da família. Durante a formação, os alunos já entram em contato com o ambiente da atenção primária, o que permite uma vivência prática das realidades enfrentadas nas comunidades.
Enfermeiros da família também podem ser contratados por instituições privadas que adotam modelos de cuidado contínuo ou trabalham com gestão de saúde populacional. Essa é uma das áreas com crescente demanda, especialmente pelo envelhecimento da população e pela necessidade de ampliar o acesso a cuidados preventivos.