Embora a expansão se encontre num ritmo rápido, esbarra em questões estruturais importantes que impedem uma aceleração ainda maior
A energia solar já ultrapassou a barreira da potencialidade para a de realidade na geração de energia elétrica no Brasil. Com mais de 48 GW de energia produzida, é a segunda maior fonte atrás apenas da geração hidrelétrica, correspondendo assim a 20% do total nacional, segundo a ABSOLAR. Conta ainda com amplo espaço para crescimento, devido às condições climáticas ótimas de um país tropical e os investimentos cada vez mais vultosos.
Número de profissionais é um desafio para a expansão
Porém, mesmo esse cenário otimista não esconde os desafios que existem na ampliação do acesso à energia solar. Entre eles, a própria instalação das placas fotovoltaicas, elemento chave da geração de energia solar, esbarra na falta de mão de obra especializada, por exemplo. Não há profissionais capacitados em número suficiente para dar conta de toda demanda por instalação.
O montador fotovoltaico, nome pelo qual é conhecido este profissional, não é encontrado com facilidade no mercado, e os que existem ficam mais concentrados na construção das fazendas solares do que na instalação em telhados. O problema não é exclusividade do Brasil, a Europa como um todo e os Estados Unidos sofrem do mesmo mal.
“Precisamos unir a indústria global para enfrentar nossos desafios comuns, maximizar a implantação e entregar a revolução solar com velocidade, com escala e com os mais altos padrões de qualidade”, disse Sonia Dunlop, CEO do Conselho Global de Energia Solar.
No entendimento da executiva, todas as “pessoas no mundo merecem ter acesso à eletricidade solar, seja no telhado de suas residências ou por meio de seu fornecedor e nenhum país deve ficar para trás”, destacou.
Alta dependência em equipamentos do exterior
A alta dependência em relação aos insumos vindos do exterior, majoritariamente da China, também é um desafio a ser trabalhado e contornado. Essa situação expõe uma fragilidade em um ponto nevrálgico: embora a troca comercial entre China e Brasil seja bastante favorável e sólida, ainda assim toda a expansão estratégica fica por conta de preços internacionais e da disponibilidade de insumos.
Muito embora esses insumos importados não sejam muito caros, seriam mais baratos se produzidos no Brasil. O que impacta em mais um problema e um desafio, o custo inicial de instalação, que ainda é alto para as pequenas empresas e para grande parte das famílias brasileiras, ainda que haja economia na conta de luz a curto e médio prazo. Soluções como financiar energia solar são meios interessantes, embora pouco conhecidos.
Outro problema enfrentado diz respeito ao armazenamento da energia gerada com as placas solares, principalmente para uso nos meses em que a incidência solar não é tão forte. Muitas empresas têm investido bastante na construção de sistemas para armazenamento e baterias, sendo que algumas delas utilizam até mesmo materiais bastante incomuns, como areia. Mas, por ora, não estão disponíveis no mercado.
A própria tecnologia abre espaço para ciberataques
A tecnologia integrada nos sistemas solares também oferece um problema amargo a ser enfrentado. Os sistemas que permitem monitoramento pela internet, isto é, que estão ligados a uma rede, correm o risco de sofrerem ataque hacker. O problema foi levantado pela ExpressVPN, que complementa que a cibersegurança de muitos sistemas modernos é falha, expondo usuários ao risco de vazamento de dados e à interrupção forçada na geração.
Rafael Shayani, reforça que a energia solar não deslanchou ainda no País devido, essencialmente, a dois fatores: o conservadorismo presente no setor elétrico brasileiro, ainda atrelado às hidrelétricas, aliado à falta de vontade política para mudar esse cenário. Prova disso, é que a fonte solar atualmente representa apenas 0,02% da matriz elétrica nacional.
No mais, o horizonte é bastante promissor mesmo com os desafios e problemas. Legislações mais modernas, insumos mais sofisticados e um cenário macroeconômico mais favoráveis são a esperança para que a energia solar se estabeleça cada vez mais como uma fonte energética sustentável, barata e com um alcance cada vez maior.