Avanço tecnológico é um dos maiores desafios da indústria brasileira

Para acompanhar o mercado global, empresas precisam modernizar os processos produtivos, mas a incorporação de tecnologias não ocorre de forma homogênea no setor

A economia nacional tem na indústria um dos seus principais pilares de desenvolvimento. De acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor representa 20,4% do Produto Interno Bruto (PIB), responde por 69,2% das exportações brasileiras de bens e serviços e é responsável por gerar 21,2% dos empregos formais no país, o que em números corresponde a 10,3 milhões de vagas. 

Apesar dos dados robustos, a indústria enfrenta um cenário desafiador diante do avanço tecnológico do mercado global. Para acompanhar a competitividade internacional, as empresas brasileiras precisam modernizar os processos produtivos e as operações, incorporando inovações. A adaptação está em curso, mas ainda não é uma realidade para todo o setor. 

O Índice Global de Inovação (IGI) apontou o Brasil na 54ª posição numa lista de 132 países, liderada pela Suíça. Além do uso de soluções inovadoras, o ranking considerou em sua avaliação os critérios de infraestrutura, mão de obra, realidade do mercado e produção de conhecimento e tecnologia.

A evolução tecnológica tem se desdobrado em uma série de outros desafios para o setor industrial nacional, que vão desde o treinamento dos colaboradores para o uso das ferramentas até a necessidade de políticas públicas de incentivo, passando também por mudanças na cultura organizacional das empresas.

Mão de obra e infraestrutura 

De acordo com a CNI, o setor industrial brasileiro compreende a necessidade de acompanhar a evolução do mercado global, mas a implantação de novas tecnologias nas indústrias esbarra em outros obstáculos, como a ausência de mão de obra qualificada e a falta de infraestrutura adequada. 

A adoção de inovações como a Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial (IA) exige uma equipe capacitada para o desenvolvimento, o manuseio e, sobretudo, o uso estratégico destas soluções a fim de aliar tecnologia e resultados. 

O levantamento Mapa do Trabalho Industrial (2022-2025), realizado pelo Observatório Nacional da Indústria, identificou a necessidade de investir na capacitação e no aprimoramento de mais de nove milhões de profissionais do setor pelos próximos dois anos.

Outro ponto a ser considerado é a dificuldade de conexões em áreas mais remotas, o que impossibilita a implantação de um sistema ERP (enterprise resource planning) e outras soluções para a área de produção consideradas essenciais à inovação nas indústrias.

O ERP é um sistema que realiza a integração e a automatização de diferentes processos dentro de uma empresa, possibilitando o compartilhamento de informações em tempo real. A tecnologia contribui para análises e tomadas de decisões com maior agilidade e precisão.

As funcionalidades do ERP auxiliam a gestão de projetos, finanças, recursos humanos, produção, estoque e compras. Além do controle de qualidade, das vendas e do relacionamento com cliente. O software oferece, ainda, informações suficientes para o trabalho de análise de dados.

Outra solução tecnológica que necessita de uma infraestrutura adequada é a automação do planejamento e controle da produção (PCP), utilizada para detalhar a quantidade de produtos, os prazos de entrega e os recursos disponíveis. A ferramenta auxilia na previsão de demanda, no acompanhamento de ordens de produção, no controle de estoques de matéria-prima e de produtos acabados e na análise de desempenho.

Carga tributária e conformidade

Outro desafio apontado pelo setor industrial é a complexidade da gestão fiscal e tributária. Assegurar a conformidade com a legislação das áreas requer um controle rigoroso de operações financeiras e do pagamento dos impostos. Além de um gerenciamento interno de riscos.

A conformidade com a legislação que abrange a atividade empresarial também é uma preocupação do setor. Segmentos altamente regulados, como as indústrias de alimentos e medicamentos, precisam de uma rotina de acompanhamento e adequação às normas dos órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Recentemente, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) alertou sobre a 

necessidade de medidas técnicas e organizacionais para que as empresas se adéquem às regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O avanço tecnológico possibilitou o desenvolvimento de softwares de compliance que otimizam os processos de gestão de integridade e conformidade. No entanto, o uso também esbarra na necessidade de ter uma equipe capacitada e a infraestrutura adequada.

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