Descubra a importância da experiência sensorial gastronômica

De acordo com a chef Flávia Quaresma, estimular os sentidos no momento da degustação enriquece o sabor dos alimentos 

Imagine tudo o que acontece quando levamos um alimento à boca. A degustação vai muito além da simples nutrição. É uma experiência sensorial que envolve todos os sentidos do corpo humano e transporta para um universo de sabores, aromas e texturas. Quando se degusta um prato, entramos em contato com uma sinfonia de sensações. 

Em entrevista à revista Food Service News, Flávia Quaresma, renomada chef formada em Paris, enfatiza que “quanto mais sentidos são estimulados no momento da degustação, maior é a sensação de prazer”, demonstrando ser possível criar memórias gustativas e emocionais únicas para intensificar o sabor de cada ingrediente. 

Visão

Um bolo colorido, com cobertura brilhante, ou aquele prato de macarrão, com um molho cremoso e espesso, consegue estimular o apetite e até mesmo influenciar como o recebemos. Afinal, como diz o ditado, “comemos primeiro com os olhos”. A ciência comprova que a aparência do prato é fundamental para despertar o desejo de comer. 

Características como cor, tamanho, forma, textura e brilho criam expectativas sobre o alimento. Quando um prato é bem-apresentado, o cérebro associa esses elementos às experiências anteriores, aumentando o desejo de comer. É por isso que a apresentação dos pratos é tão importante, principalmente quando se trata de crianças, que são ainda mais sensíveis aos estímulos visuais.

Olfato

Estudos mostram que conseguimos sentir mais de 10 mil cheiros diferentes. Pense como a comida parece sem graça quando se está gripado e com o nariz entupido, isso acontece porque o olfato e o paladar estão ligados. Grande parte do que se entende como sabor, vem do aroma. A combinação dos alimentos na boca libera moléculas odoríferas que se conectam aos receptores olfativos, enriquecendo a percepção gustativa. 

Paladar

É o responsável por permitir apreciar os diferentes gostos dos pratos, através das papilas gustativas, pequenas estruturas na língua que, com a mastigação, entram em contato com as substâncias presentes nos alimentos. Posteriormente, são dissolvidas pela saliva, enviando informações sobre doce, amargo, salgado, azedo ou umami ao cérebro. 

No entanto, a intensidade pode variar, por diversos fatores, como genética, idade, hábitos alimentares e até mesmo estado emocional. Inclusive, o realçador de sabor tem sido cada vez mais usado na culinária caseira, em conjunto com ingredientes frescos, para realçar as nuances das refeições.

Audição

Já pensou por que a maçã crocante é tão mais saborosa do que uma maçã mole? A resposta está na audição, pois o som que fazemos ao mastigar os alimentos, como o famoso “croc” da maçã, impacta diretamente no que é sentido. Essa sensação, chamada de “fator croc”, está ligada à memória sensorial. Ao longo da vida, aprendemos a associar certos sons à qualidade dos alimentos. 

Por exemplo, o barulho de uma maçã fresca indica que ela está madura e saborosa. Já uma maçã sem ruído pode levar a acreditar que ela está estragada. Essa conexão entre audição e paladar é tão forte que alimentos como amendoim e torresmo perdem muito do seu sabor quando não produzem esse som característico.

Tato

Presente em toda a pele e em tecidos mais profundos, possibilita avaliar uma série de atributos como peso, pressão, textura, consistência e temperatura. Caso fosse saborear uma feijoada gelada, a experiência seria completamente diferente e, para muitos, até desagradável. Graças ao tato, é possível diferenciar o calor de um café recém-preparado da temperatura de uma cerveja gelada. 

Além disso, esse sentido distingue a fluidez de uma sopa da dureza de uma fruta ainda verde, como uma goiaba, por exemplo. Resumidamente, é essencial para apreciar os alimentos em toda a sua complexidade, tornando cada refeição uma experiência gastronômica completa.

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