Salmo 19 na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC)
Salmo 19
- Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
- Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.
- Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes
- em toda a extensão da terra, e as suas palavras, até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol,
- que é qual noivo que sai do seu tálamo e se alegra como um herói a correr o seu caminho.
- A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso, até à outra extremidade deles; e nada se furta ao seu calor.
- A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices.
- Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e alumia os olhos.
- O temor do Senhor é limpo e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.
- Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos.
- Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa.
- Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.
- Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de mim; então, serei sincero e ficarei limpo de grande transgressão.
- Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, rocha minha e libertador meu!
Explicação do Salmo 19
O salmo 19 celebra a revelação do Senhor de si mesmo por intermédio de suas obras e Palavra.
Os céus manifestam (heb. saphar, “recontam, falam ou contam”) a glória de Deus – sua majestade, revelada na beleza de sua criação para que todos a vejam.
As maravilhas da criação devem levar a pessoa a adorar ao Criador, e não a criação em si mesma (cp. Rm 1.19-20). Os teólogos – por essa evidência da existência e soberania de Deus estar universalmente disponível a todos – distinguem caracteristicamente entre a ordem criada como a “revelação geral” e a Palavra de Deus escrita como a “revelação especial”, a qual esse salmo também louva nos versículos 7-11.
Sl 19.6-13 Assim como a beleza e majestade da criação proclamam a glória de Deus, também o povo de Deus faz essa mesma declaração quando faz aquilo para o que foi criado.
O salmo não só elogia a lei (heb. toroh, “doutrina ou ensinamento, lei”), o testemunho, os preceitos, o mandamento e os juízos de Deus, mas também apresenta os benefícios de ter um estilo de vida de acordo com os caminhos de Deus – vida renovada, crescimento em sabedoria, alegria de coração, compreensão, admoestação e grande recompensa.
O salmista, após notar que nada se furta ao calor do Senhor, ou seja, nada fica escondido dele, reconhece a necessidade de purificação dos erros [.] ocultos (heb. satar, “secreto, oculto”) e da soberba (heb. zed, “orgulho, arrogância”) – ou seja, purificação dos pecados não intencionais e dos intencionais.
Sl 19.14 A palavra libertador (heb. Go’ef; ou “redentor”) identificava o parente mais próximo que tinha de assumir certos compromissos quando um homem morria (veja Rt 2.18-23).
Ele era responsável por comprar a terra que corria o risco de ser perdida ou vendida para alguém de fora da família.
Quando um homem morria e não tinha filhos, o parente remidor, ou libertador, também tinha a tarefa de se casar com a viúva do parente morto e ter um herdeiro homem para levar adiante o nome da família (Rt 4).
Por fim, ele também exercia o papel de vingador do sangue.
No caso de haver um assassinato, o parente era obrigado a se vingar. O “libertador” como uma referência ao Senhor enfatiza que Ele ficara com seu povo e o protegera (cp. J6 19.25).
Deus, ao tomá-los “seu” povo, assumiu voluntariamente a responsabilidade e obrigação de cuidar deles.