Promoção do uso das bicicletas envolve conscientização e também investimento em ciclofaixas; como resultado, menos poluição e melhorias no tráfego urbano
Estar constantemente se adaptando às novas realidades é apenas um dos desafios das cidades. Neste cenário, a questão da mobilidade urbana é um assunto premente.
Em virtude do aumento no número de carros em circulação, que acaba por resultar em grandes engarrafamentos, transporte público quase sempre insuficiente e lotado, mais e mais as cidades precisam voltar-se para esse que é um dos maiores problemas da modernidade.
Se por um lado o poder público da maioria das cidades procura resolver os problemas com iniciativas como criação de mais ruas e viadutos, implantação de novas linhas de ônibus ou mesmo metrô e implantação de vias pedagiadas ou rodízio de carros, a iniciativa individual procura driblar o problema recorrendo a meios de transporte de maior mobilidade, como motos ou bicicletas.
Quanto às bicicletas, a praticidade no seu manuseio, seu baixo custo, comparado a outros meios de transporte, seu potencial benéfico para a saúde e para o meio ambiente têm sido as razões para que cada vez mais pessoas incorporem a sua utilização no dia a dia.
Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, o aumento nas vendas mais que dobrou desde 2019 para cá.
No entanto, apenas 7% das pessoas declaram que a bike seja seu principal meio de transporte, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA, ainda que somem mais de 40 milhões de bikes no Brasil, um número bastante expressivo.
Porém essa proporção só tende a aumentar. Cada vez mais são observadas iniciativas do poder público na criação de ciclofaixas e conscientização quanto ao respeito ao ciclista no trânsito, verdadeiros vetores de mudança, como pode ser observado em cidades como Curitiba.
A capital paranaense observou um incremento de mais de 30% no número de bikes em circulação, em um comparativo da época pré-pandemia com o ano de 2022.
Resultado da conexão do centro da cidade com os seus diversos bairros, feita por uma ampla extensão de ciclofaixas, chegando a mais de 300 km. Durante esse mesmo período, outras metrópoles como Rio de Janeiro e Belo Horizonte também mostraram resultados interessantes, acima dos 20%.
Esse incremento é um sinal de que talvez as questões de mobilidade urbana podem estar, enfim, chegando a um ponto de resolução. Cidades europeias que sofreram por anos com o caos no seu tráfego urbano hoje oferecem incentivos fiscais para a obtenção de bicicletas. Mas tudo passa por grandes investimentos em infraestrutura, caso das Cycle Superhighways, em Londres, verdadeiras autoestradas feitas exclusivamente para o transporte em duas rodas.
Outras cidades como Amsterdã, que possui uma taxa de mais de uma bicicleta por habitante e grandes estacionamentos urbanos para elas, Berlim, Barcelona, Estrasburgo, entre outras, remodelaram todo seu trânsito, a fim de comportar esse modal.
Limites de velocidade nas ruas, campanhas para conscientização e melhorias na malha cicloviária têm feito a diferença quanto ao incentivo da troca dos carros pelas bicicletas.
Seja para fugir do trânsito, economizar com combustível, praticar um exercício físico, poluir menos ou mesmo tudo isso junto, a verdade é que a bicicleta promete ser o veículo mais usado em um futuro próximo, graças à conscientização de cada um e aos investimentos públicos na área. Com modelos para todas as necessidades, gostos e também bolsos, é sempre hora de adotar um hábito tão salutar para todos.