Mobilidade que vale ouro: imóveis perto do metrô ganham força no mercado

Tanto para comprar quanto para alugar, propriedades próximas às linhas azul, lilás e vermelha lideram a preferência na capital paulista

A relação entre mobilidade urbana e valorização imobiliária nunca foi tão evidente em São Paulo. A presença de uma estação de metrô nas proximidades tem se mostrado um diferencial decisivo tanto para quem busca alugar quanto comprar um imóvel. 

Por exemplo, um levantamento da administradora Lello, com base nas movimentações do primeiro trimestre de 2025, apontou que metade das novas locações residenciais ocorreu nos arredores das estações da linha vermelha – eixo que conecta a zona leste ao centro da capital paulista. 

Bairros como Tatuapé e Mooca estão entre os mais procurados, impulsionados por infraestrutura consolidada e facilidade de deslocamento. A linha azul, que atende o eixo norte-sul da cidade, também aparece com destaque. Seis em cada dez buscas feitas na plataforma da Lello com filtros por linha de metrô foram direcionadas à linha azul, seguida da linha vermelha. 

Já nas buscas por imóveis à venda, metade das consultas envolveu imóveis próximos à linha azul. A mobilidade figura, portanto, como elemento-chave na decisão de moradia. Ademais, a valorização dos imóveis próximos ao metrô não se limita ao interesse do público – ela também aparece nos números. 

Dados de 2024 do DataZAP, do Grupo OLX, revelam que os imóveis localizados perto da estação AACD-Servidor, na linha lilás, foram os que mais se valorizaram entre o fim de 2023 e 2024, com um aumento de 18,2% nos preços de venda. Outros destaques são as regiões das estações Paraíso (linhas azul e verde), com valorização de 15,3%, Sumaré (linha verde), com 14,4%, e Faria Lima (linha amarela), com 13,3%.

Entre os fatores que influenciam este cenário, está a construção de imóveis mais novos e melhor equipados, além da percepção de segurança nas imediações das estações.

Ambientes compactos e funcionais impulsionam demanda

A mudança no perfil dos imóveis ofertados nas áreas próximas ao metrô é reflexo direto das revisões no Plano Diretor Estratégico de São Paulo, de 2014. Isso porque, desde então, deixou de ser obrigatória a oferta de vagas de garagem para imóveis residenciais com até 200 m². Esta flexibilização favoreceu o crescimento de edifícios multifuncionais, com unidades compactas e próximas ao transporte público.

É neste contexto que os studios se destacam como protagonistas do atual boom imobiliário. Imóveis com menos de 40 m² representaram 80% das vendas realizadas em 2024 na capital paulista, totalizando mais de 80 mil unidades comercializadas, conforme dados da Goldman Sachs Research. 

Entre as preferências de quem procura um imóvel para morar ou investir, o estudo Radar Imobiliário, do DataZAP, divulgado em janeiro de 2025, aponta que imóveis com até 50 m² somam 34% das buscas, seguidos por unidades entre 50 e 70 m² (29%).

Com a consolidação dos studios como padrão de moradia, os imóveis têm sido projetados para atender a um novo estilo de vida urbano e dinâmico. Neste sentido, ambientes otimizados, que priorizam móveis funcionais, como sofá que vira cama, mesa retrátil e armários planejados, tornam-se essenciais para garantir conforto em espaços reduzidos. 

A compactação não significa perda de qualidade de vida. Isso porque, normalmente, os prédios oferecem lazer, segurança, áreas de coworking e até lavanderias coletivas, compensando a metragem interna com serviços compartilhados e adaptando-se às demandas de um cotidiano acelerado, porém conectado.

No cenário atual, viver perto do metrô deixou de ser apenas uma comodidade. Tornou-se uma exigência para quem valoriza tempo, segurança e acesso fácil à cidade. E, como mostram os dados, a valorização tem sido reconhecida pelo mercado, tanto por quem busca um lar quanto por quem quer investir.