Técnica é minimamente invasiva e pode ser usada para o tratamento de diversas doenças na região abdominal e pélvica.
A tecnologia em três dimensões (3D) está revolucionando a área da saúde. Tanto profissionais quanto pacientes têm sido beneficiados com o uso de novos equipamentos. Nos últimos anos, hospitais de diversas regiões do Brasil têm aderido à tecnologia para procedimentos feitos por videolaparoscopia. Trata-se de uma técnica minimamente invasiva, para o tratamento de diversas doenças na região abdominal e pélvica.
A videolaparoscopia pode ser feita pelo cirurgião geral em uma colecistectomia, por exemplo, que é a remoção da vesícula biliar. Esse tipo de cirurgia é uma opção viável também ao tratamento de problemas diversos, como miomas, endometriose, hérnias, pedra na vesícula, apendicite, câncer, obesidade e problemas articulares.
Outros especialistas, como o urologista, que utiliza a técnica em casos de remoção do estreitamento da uretra (pieloplastia laparoscópica), também são habilitados.
Equipamentos com melhor capacidade gráfica
A utilização da videolaparoscopia é uma realidade nos serviços cirúrgicos distribuídos pelo país. Mesmo os equipamentos mais antigos e que apresentam imagens com menos definições proporcionam o benefício da cirurgia pouco invasiva, como ressaltam especialistas em artigo publicado no PEBMED – portal de atualização em medicina do Brasil.
À medida que a complexidade dos procedimentos aumenta, contudo, é necessário o uso de equipamentos de melhor capacidade gráfica. Este é o caso das opções de imagem tridimensional que, apesar de ser rotineira na tecnologia robótica, não se estabeleceu ainda como padrão na videolaparoscopia.
A pesquisa “Colecistectomia: videolaparoscopia 2D ou 3D”, publicada no World Journal of Surgery, comparou o uso de tecnologia 2D e 3D em procedimentos de colecistectomia numa mesma instituição. Foram analisados 241 procedimentos consecutivos realizados, sem seleção de pacientes. O estudo sugere que a tecnologia 3D é capaz de diminuir o número de lesões de vias biliares e reduzir erros durante a cirurgia.
Como é feita a videolaparoscopia
A videolaparoscopia é uma técnica moderna que tem se tornado cada vez mais conhecida pelo grande público e amplamente usada na Medicina. A cirurgia é feita com alguns furos e uma câmera e permite uma recuperação mais rápida e com menos dor, por estressar menos o corpo. O procedimento nasceu como um método diagnóstico – também usado ainda hoje – e evoluiu para uma prática terapêutica.
Em entrevista à imprensa, os médicos considerados pioneiros na trajetória da videolaparoscopia no Brasil – o ginecologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Caio Parente Barbosa, e o gastroenterologista e sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica e da Sociedade Latino-Americana de Cirurgia Videolaparoscópica, Thomas Szegö –, explicam como é feito o procedimento.
Antes de iniciar a videolaparoscopia, os cirurgiões devem recorrer à anestesia geral para evitar que o paciente experimente sensação de sufoco devido ao uso de um gás na barriga. Ela pode ainda ser combinada a anestesia local, peridural ou raquidiana.
Para começar, são feitas incisões de aproximadamente um centímetro na pele do paciente. Depois, injeta-se gás carbônico por meio de uma delas, criando espaço entre os órgãos e afastando-os da parede abdominal para permitir visualização e manipulação na área.
A etapa seguinte inclui a inserção de equipamentos compridos e finos para a operação de fato. Os tipos e a quantidade de aparatos e furos dependem da intervenção. Para a retirada da vesícula, por exemplo, são abertos quatro orifícios. Já numa cirurgia bariátrica, de quatro a sete.
Os médicos esclarecem que a câmera é um item indispensável e participa de todos os casos. Introduzida no abdômen, ela transmite imagens da cavidade para um monitor, possibilitando que o especialista veja o que ocorre dentro do corpo ao vivo. Até há pouco tempo, a imagem era transmitida somente em duas dimensões. Hoje em dia, as câmeras em 3D chegam para facilitar o trabalho do cirurgião.
Vantagens e limitações do procedimento
Quando a videolaparoscopia termina, os aparelhos são retirados e os orifícios fechados com pontos. Essas passagens deixam cicatrizes quase imperceptíveis, segundo os especialistas. Por ser uma técnica pouco invasiva, a recuperação é consideravelmente mais rápida, comparada a uma cirurgia aberta. A alta costuma ser dada em 24 horas e, em poucos dias, o paciente consegue retomar a uma vida normal.
Durante o procedimento, o cirurgião consegue observar detalhadamente os órgãos e outras estruturas. Como incidem menos traumas nos tecidos do corpo, outra vantagem é que a pessoa sente menos dor no pós-operatório e pode ficar menos tempo deitada, o que reduz o risco de constipação intestinal e trombose. Além disso, há ganho estético, já que não é preciso fazer uma grande incisão na pele.
Vale lembrar que nem sempre a videolaparoscopia substitui uma cirurgia aberta tradicional. Obstrução intestinal, infecções extensas na barriga e insuficiência cardíaca grave estão entre as restrições. Além disso, hérnias grandes, necessidade de múltiplas cirurgias e doenças pulmonares e cardíacas em geral podem contraindicar a técnica.