Usado para preparar diversos alimentos, o óleo de cozinha já se tornou um produto essencial nas cozinhas e estabelecimentos de todo o país. No entanto, o descarte após o uso desse ingrediente ainda é um tema que provoca dúvidas nos brasileiros e, quando não é feito da forma correta, pode se tornar um grande vilão do meio ambiente.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o consumo dos óleos vegetais no país chega a casa de 3 bilhões de litros ao ano. A associação estima ainda que, de cada 4 litros consumidos, um seja descartado incorretamente, representando mais de 700 bilhões de litros lançados ao meio ambiente sem nenhum controle ou cuidado.
Os destinos mais frequentes para o descarte do óleo de cozinha são também os não recomendados por nenhuma associação e órgão público. Ralos das pias da cozinha, vasos sanitários e até mesmo sacolas e recipientes fechados jogados no lixo comum são alguns dos locais que mais recebem o descarte desse produto.
Os riscos desse hábito são vários e podem afetar a qualidade de vida, segurança e saúde de muitos brasileiros. Impermeabilização e contaminação do solo, entupimento das redes de esgoto e poluição dos lençóis freáticos são alguns resultados que essa prática pode trazer.
Perigos do descarte incorreto do óleo de cozinha
Quando despejado nas pias e ralos da cozinha, o óleo vegetal pode oferecer problemas no sistema hidráulico e posteriormente ao meio ambiente. Isso porque as redes coletoras de esgoto são feitas para conduzir apenas dejetos líquidos e, apesar de parecer, o óleo não entra nessa categoria. Quando jogado nas tubulações, ele se acumula no encanamento, cria crostas e retem resíduos que podem trazer problemas para o fluxo do saneamento.
A longo prazo, a gordura provoca entupimentos e vazamentos que podem necessitar do auxílio de uma empresa desentupidora. O problema também pode chegar à rede de esgoto e chamar a atenção de pequenos invasores, como ratos, baratas e outras pragas urbanas.
Quando essas questões ocorrem, o mais recomendado é procurar por profissionais especializados mais próximos da residência ou estabelecimento. Para quem não conhece nenhuma empresa, uma pesquisa mais direcionada no Google pode ajudar. Quem mora no interior de São Paulo pode buscar por desentupidora em Campinas, por exemplo.
Mas o descarte de óleo nas tubulações pode oferecer riscos não apenas ao sistema hidráulico. Segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, cada 1 litro de óleo jogado no ralo ou em pias residenciais, industriais e comerciais, pode contaminar até 25 mil litros de água. Embora pareça uma relação inofensiva, o produto contém substâncias que não se dissolvem na água, podendo causar descontrole do oxigênio e morte de diferentes espécies marinhas.
Quando o produto é descartado no lixo comum, há também riscos ao solo. Conforme aponta um estudo publicado na revista científica H-Tec Humanidades e Tecnologia, o contato do óleo vegetal com a terra impermeabiliza o terreno, impedindo que a água se infiltre. Essa ação favorece o surgimento de enchentes.
Maneira ideal de descartá-lo
A forma ideal de descartar o óleo vegetal é simples e pode ser implementada no dia a dia por todos. O ideal é esperar que o material resfrie após o uso para colocá-lo em uma garrafa PET, assim ele estará pronto para ser enviado para os pontos de coleta.
Em algumas capitais do país, há ações realizadas pela própria prefeitura que podem ajudar nesse processo. Além disso, algumas organizações não governamentais e condomínios também realizam a coleta do óleo de cozinha.
Nesses locais, ocorre a reciclagem do material que, após ser tratado, vira matéria-prima para a produção de produtos como sabões, tintas, detergentes, ração para animais e até mesmo biodiesel.
No Brasil, a Lei 12.305/2010, referente a Política Nacional de Resíduos Sólidos, determina que os estados deverão priorizar planos que permitam acesso a recursos da União que se destinam a gestão de resíduos sólidos, como o óleo de cozinha. Os recursos serão destinados para atividades de coleta seletiva, recuperação e reciclagem.