Por que fazer terapia mesmo quando “está tudo bem”?

Terapia vai muito além da crise emergencial e pode aprimorar a qualidade de vida em diversos aspectos

Relacionar o tratamento de psicoterapia a momentos de vida adversos do paciente, como luto, depressão, ansiedade é muito comum nos dias de hoje. Quando alguém diz que faz terapia, logo as outras pessoas de seu entorno pensam que está acontecendo alguma crise. No entanto, a psicoterapia não é indicada apenas para os momentos de crise e vulnerabilidade, muitos especialistas recomendam que a psicoterapia faça parte do dia a dia de quem também está emocionalmente estável. Ou seja, não é preciso estar “mal” para recorrer à terapia.

Por que é importante fazer terapia?

Ao contrário do que muitos pensam, não é preciso esperar chegar ao momento de esgotamento mental ou emocional para cogitar começar a fazer terapia. A saúde da mente funciona da mesma forma que a saúde do corpo, assim como nós precisamos nos alimentar bem e fazer exercícios para que o corpo funcione de maneira saudável e eficiente. 

Com a mente é a mesma coisa, a diferença é a forma como é feita essa “manutenção preventiva”, através de reflexão, autoconhecimento, encarar os próprios demônios e medos.

Implementar uma rotina de sessões de terapia, mesmo que sejam mais espaçadas como, por exemplo, a cada 15 dias ou uma vez ao mês, ajuda a evitar que as pequenas tensões se acumulem ao longo dos dias e se tornem grandes problemas. Muitas vezes as crises são geradas por gatilhos que, para quem está de fora, parecem ser “ridículos” ou “desproporcionais”.

Autoconhecimento é fundamental

Quando praticamos psicoterapia em momentos de crise, o foco é voltado para a solução daquele problema e suas raízes. Já quando o momento é de estabilidade emocional o ganho reside no aprofundamento do autoconhecimento de questões e características mais intrínsecas do paciente. Ao conversar com um profissional capacitado, é possível compreender melhor comportamentos, padrões de pensamento, reações e respostas emocionais, além das escolhas de vida até o presente momento.

Esse processo ajuda a quebrar barreiras que podem ser limitantes para o crescimento pessoal, comportamental e até profissional da pessoa. O paciente pode se tornar mais consciente de suas escolhas, tanto de ações quanto de reações, e assumir maior controle sobre a direção e intensidade de suas emoções.

Além disso, a graduação em psicologia ensina que o paciente que “está bem” deve ser acolhido, também, em um espaço seguro e livre de julgamentos para que ele tenha a abertura de insights e reflexões sobre sua trajetória de vida emocional social e profissional, sobre suas crenças e formas de pensamento, suas reações emocionais, momentos de demarcação emocional e comportamental entre outros aspectos. 

Por fim, aqueles que fazem terapia fora do caráter emergencial acabam por alcançar melhorias de qualidade de vida como quadro geral, com decisões mais claras, estabilidade emocional e afetiva, comunicação clara no ambiente social e familiar, entender os seus próprios limites e os limites dos outros, autoestima fortalecida e alinhamento de seus propósitos de vida, seja no âmbito social, profissional, amoroso entre outros.