Entenda como a alteração na química do cérebro causada pelo estresse afeta a capacidade de falar e organizar pensamentos
A correria do dia a dia, trânsito, prazos, colegas de trabalho, reuniões, clientes, escola das crianças, boletos, dívidas, família e cobranças são fatores que tornam o estresse algo presente e constante na nossa vida. Muito se comenta sobre os impactos que o estresse constante pode causar na saúde tanto física quanto mental, como burnout, ansiedade, depressão, apatia, etc. Mas existe um outro fator muito importante, e pouco reconhecido, que é fortemente afetado pelo estresse: o impacto na comunicação verbal.
Por que a fala é afetada pelo estresse?
A fala, assim como todas as outras funções corporais, é controlada pelo nosso cérebro e requer uma quantidade de energia e hormônios liberados nas áreas correspondentes para funcionar da forma correta.
Quando estamos em uma situação de estresse, seja momentânea ou recorrente, o cérebro ativa instintivamente um modo de sobrevivência (ou seja, o modo de luta ou fuga), liberando grandes quantidades de hormônios adrenalina e cortisol, que preparam o corpo para respostas físicas e motoras mais velozes. No entanto, esse modo também drena hormônios e energia de outras áreas do cérebro que não são necessárias para essa situação de sobrevivência. Com isso, muitas áreas são afetadas, como pensamento lógico, visão periférica, velocidade da fala, controle do sistema digestório, entre outras funções.
A fala é controlada pela região frontal do cérebro, também conhecida como Área de Broca (responsável pelo planejamento e pela organização do pensamento, além da produção da fala). Quando o estresse está instalado, esta área é muito afetada e resulta em frases desconexas, ritmo alterado (algumas pessoas acabam falando muito rápido, enquanto outras não conseguem sequer pronunciar uma palavra), gagueira, alteração do timbre da voz, agressividade e até lapsos de memória.
O estresse afeta todas as áreas de convivência
Muito além das alterações físicas que o estresse pode causar, há também o desgaste emocional e social que uma pessoa pode sofrer e causar àqueles ao seu redor. Uma pessoa em estresse constante tende a ser mais ríspida, impaciente, agressiva, grossa, ou mesmo calada e distante, por vezes entrando em discussões e brigas por pequenas coisas e, com frequência, sem lógica aparente em seus argumentos.
Esse tipo de comportamento pode afetar, e muito, as relações familiares, as amizades e até mesmo no ambiente de trabalho. Para contornar esse tipo de situação, muitas vezes, é preciso considerar uma intervenção profissional para descobrir qual é a raiz do estresse e traçar planos de contingência para minimizar seus efeitos no cotidiano.
Vale sempre lembrar que a ajuda profissional pode vir através de um psicólogo, psiquiatra, médico neurologista e até mesmo de um profissional graduado na faculdade de fonoaudiologia, para tratar os efeitos colaterais do estresse, como no caso de dicção alterada e dificuldade de organizar os pensamentos, além de recomendar exercícios para postura e comunicação eficiente em momentos tensos.